Amor… e agora, a Dor?
by Jose Matos
"."..Há muitas palavras que rimam, contudo apenas o belo som da parecença coincide, se assemelha, mas o sentido perde-se, dispersa-se.
Há, no entanto, essa rima que casa, namora, entroniza-se, eterniza-se na perfeição: Amor e Dor.
Dir-me-ão os mais apaixonados que se trata de uma visão despida de sentimento, de esperança, de confiança, de vida, de otimismo… uma visão cética e sem coração, talvez de algum despedaçado.
Pois digo-vos: é exatamente o oposto. O amor é a luz que tudo justifica, que tudo ilumina, inspira, bem trata e mal trata. Sim, quando esse amor encontra correspondência, tudo ganha sentido, tudo desperta, tudo ilumina e nada preocupa.
Mas o amor, meus amigos, também é dor. E como dói! Quando não a vemos, quando não a temos, quando nos diz por pequenos sinais que acabou: quando vemos desaparecer o brilho dos olhos sempre que nos olhava, o calor dos lábios sempre que nos beijava, o suspiro que deixava sair no abraço, o adeus que pedia que voltássemos… o tom de voz cada vez que nos atendia a chamada. Quando desaparece… Dói.
E depois, acabamos por a ver em cada lugar da nossa imaginação, dispersamos em cada ato, em cada pensamento. E dói.
Todos nós somos amor… é ele que nos guia. E quando sentimos que não tem destinatário, caímos no vazio, ficamos sem sentido até conseguirmos recarregar o ser, com mais amor.
Mas falo de amor… algo acima de nós, Algo supremo. Por isso, mesmo com a dor… queremos amor para essa pessoa. Queremos que viva feliz, mesmo que nos esteja a matar, de dor.
E sofremos, no silêncio da saudade, da memória… Amando, chorando, caindo.
Mas a força do amor é essa. Com amor morremos, com amor renascemos.
Amor é vida… E se me perguntarem se queria ter amado mesmo sabendo que iria sofrer, a resposta seria esta: se sofro muito é porque amei muito. Vivi.
E coitados dos que temem viver!..."
CRISTINA / ANTONIO MARQUES / JOSÉ MATOS